O bullying é um tema que ultimamente vem
sendo bem discutido com intuito de disseminar informações sobre o
fenômeno e inibir ações de violência de forma direta ou indireta.
Campanhas lançadas pela mídia deixam bem claro que o objetivo é alertar
toda a sociedade para o grave problema que é essa violência entre pares.
Estudos
mais aprofundados sobre o fenômeno têm sido desenvolvidos por
especialistas, psicólogos, pedagogos voltados para a educação orientando
que é um problema sério e que não deve ser tratado como brincadeira
despretensiosa, mas caso de violência que estimula a delinquência, onde o
espaço é ocupado por vítimas, agressores, culpados e inocentes. O fato
não se restringe somente às escolas, mas às outras instâncias da
sociedade. Fora da escola, na rua, no trabalho, nos centros comerciais,
enfim.
Quando nos referimos à violência nas escolas, logo
pensamos em agressões a professores ou vandalismo. Esquecemos que as
escolas têm experimentado uma violência mais cruel, silenciosa, por
vezes ignorada por pais e professores.
O que antes era um
conjunto de atitudes remediado pelo “Não dê importância! Ignore. Logo
eles se cansam!” hoje recebe o nome “bullying”. Uma prática perversa
de exclusão, perseguição e humilhação. Violência implícita que se
amplifica nos apelidos inconvenientes usados para as pessoas conforme
suas particularidades físicas, nas gozações que constrangem, na
imposição física para obter vantagens, nas atitudes racistas e até mesmo
homofóbicas.
O perfil de quem é agredido pode ser entendido por
fugir, segundo seus agressores, dos padrões comuns à turma – o mais
inteligente, o filhinho de papai, o mais pobre, o gordinho, o mais
magrinho, o que usa óculos ou a cor da pele. As velhas brincadeiras
compreendidas somente como “sem graças”, na verdade afetam
emocionalmente e podem deixar marcas profundas naquele que não consegue
reagir, porque não é capaz de demonstrar seu sofrimento por conta de sua
timidez.
O isolamento intencional é um dos primeiros sinais de quem
sofre com bullying. A situação se agrava mais quando, para a vítima, a
escola torna-se um ambiente angustiante, repentinamente as dificuldades
surgem no aprendizado apontando para o baixo rendimento escolar, as
ausências se tornam constantes e ainda há insistência para mudar de
escola. Os sintomas se manifestam sob a forma de estado depressivo,
sentimento de vingança, baixa autoestima, ansiedade, sentimentos
negativos, problemas interpessoais, evasão escolar, déficits de atenção e
concentração, stress, ideações suicidas, alterações do humor. Em razão
disso, são vítimas que não se sentem amparadas, são inseguras porque
também sentem dificuldades em ser aceitas pelo grupo.
Por outro
lado, os agressores se definem bem. São os líderes da turma, os mais
fortes, os mais populares, os que não respeitam as diferenças e
proliferam um repertório de gozações, humilhando os colegas mais
frágeis. Os agressores são agentes que devem ser identificados,
encaminhados a tratamento profissional, para que futuramente não se
tornem adultos violentos com forte tendência para atitudes criminosas. A
família deve estar atenta a esse tipo de comportamento.
Segundo especialistas, há dois caminhos para que o trabalho preventivo se efetive.
O
primeiro caminho é pela educação; o segundo é impor limites através do
diálogo e, principalmente, do exemplo. Importa dizer que limites nunca
fez mal a alguém. Impor limites é educar. Não impô-los é investir no
desrespeito às diferenças, é ser conivente, é contribuir para que ações
violentas se disseminem até a delinquência, ao limiar da criminalidade.
É
de máxima urgência o trabalho preventivo nas escolas e a esperança
nesse instante é que não caminhem solitárias no processo de investimento
e esforço permanente contra a prática do bullying no âmbito escolar. É
fundamental a participação efetiva da família, o amparo da comunidade
jurídica e o apoio de equipes de atendimento. O envolvimento dos pais,
alunos e escola em busca de inibir as práticas de violência é
indispensável no desenvolvimento de estratégias no combate a agressões
veladas.
Não é demais reforçar a afirmação anterior de que o
problema é muito sério e não surgiu recentemente na escola do bairro,
nas escolas das cidades, nas escolas do nosso país. Bullying é um
problema mundial e vai mais longe. Não se resolve da noite para o dia.
Nenhuma escola está livre do bullying. E mais. Adultos não são
testemunhas. Alunos sim.
Aos pais, fica a orientação de que sejam
sempre abertos a ouvir, a conversar com seus filhos e a orientá-los
sobre esse tipo de situação, deixando bem claro que não é normal a
prática do bullying. Ainda devem se atentar às bruscas mudanças de
comportamento de seus filhos no ambiente doméstico. Os filhos sentem-se
mais confiantes quando percebem que o primeiro passo pode ser dado com a
denúncia sem pressões, medo, julgamentos ou críticas.
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